sábado, 31 de outubro de 2009

Atual situação do PIG e do PSDB...

Vitória da democracia em Honduras - Viva o povo hondurenho


A imprensa brasileira deveria se sentir envergonhada pela cobertura que fez sobre o golpe militar em Honduras, que eufemisticamente ela chamava de "crise hondurenha". Mas é claro que ninguém vai se desculpar por ter atacado a diplomacia brasileira, por exemplo. É claro que o famigerado Bóris Casói (o boca mole), não vai se retratar por ter dito que o Brasil deveria "olhar" para países que valessem a pena (leia-se Estados Unidos, ou países europeus), numa clara postura, típica por sinal, de submissão e de complexo de colonizado. Falavam da enrascada em que o Brasil tinha se metido, pagando um "mico" histórico.
Agora, que os golpistas vão ter que devolver o poder a quem de direito, essa mesma imprensa fala em vitória dos EUA, tentando elidir a participação fundamental da mesma diplomacia que eles atacaram e tentaram, em vão, ridicularizar. A isso tudo eles querem chamar de imprensa livre. Livre de que? Como muito bem questionou o Emir Sader. Livre do controle social; livre para atuar ideologicamente a serviço de interesses privados, no mesmo momento que se pretendem imparciais. Desculpem a linguagem chula, mas eles agora só enganam otários. A vitória da diplomacia brasileira se mostra patente e insofismável. O presidente eleito Manuel Zelaya deverá ser reconduzido ao seu cargo e conduzir as eleições hondurenhas marcadas para esta ano ainda. Viva o povo hondurenho! e viva a democracia! Chomsky tem razão quando diz que esse continente é atualmente o lugar, politicamente, mais interessante do planeta.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Senado Federal aprova fim da DRU para a educação

A notícia abaixo parece bastante alvissareira, pois ela dá conta do fim de um procedimento legal (contigenciamento) que tirava da educação pública brasileira um conjunto de recursos que sem dúvida fazia muita falta. Mesmo sem ser especialista no assunto, eu imagino que o problema da educação pública do Brasil não se resume a recursos financeiros, mas que um incremento desses recursos pode ajudar muito, ninguém pode duvidar (acho que só a revista Veja).

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Senado Federal aprova fim da DRU para a educação



O plenário do Senado Federal aprovou em dois turnos nesta quarta, 28/10, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 277/08, que dispõe sobre o fim da Desvinculação de Receitas da União (DRU) para a educação. O texto também torna obrigatório o ensino dos quatro aos 17 anos de idade, ou seja, da educação infantil ao ensino médio. Com o fim da DRU para a educação, a área terá 9 bilhões a mais em seu orçamento de 2011. O montante representa 21% do orçamento da área em 2009, que foi de R$ 41 bi.

A proposta de emenda à Constituição foi aprovada por unanimidade pelo plenário do Senado, após seis anos de tramitação no Congresso. Agora precisa ser promulgada em sessão conjunta da Câmara e do Senado para entrar em vigor.

O mecanismo da DRU foi criado no Plano Real, em 1994, para desbloquear 20% das receitas da União que têm gasto obrigatório por lei. Assim, o governo garantiu uma margem para redirecionar dinheiro das contribuições sociais (como o PIS/Cofins e a antiga CPMF) para outras áreas. Com a aprovação do texto, em 2009 e 2010 serão descontados 12,5% e 5%, respectivamente. Em 2011, não haverá incidência da DRU na educação.

A estimativa do Ministério da Educação é a de que o setor perdeu cerca de R$ 100 bilhões desde 1996, quando a DRU foi instituída. "Se pudéssemos contar com estes recursos, teríamos mais professores com nível superior, mais crianças na pré-escola e mais jovens no ensino médio", disse a senadora Ideli Salvatti (PT/SC), autora da proposta.

Além de garantir mais recursos para a educação, a PEC aprovada também amplia a obrigatoriedade do ensino, passando a incluir a pré-escola e o ensino médio. Hoje apenas o ensino fundamental (dos 7 aos 14 anos) é obrigatório. O texto prevê que essa ampliação ocorra de forma gradual até 2016.

e-mail enviado à Band news

Ouço quase todos as manhãs uma boa parte do programa cujo âncora é Ricardo Boechat. Concordo muitas vezes com suas reações indignadas. Mas o afã crítico do Boechat as vezes vai longe demais, com perdão da brincadeira, parece até que ele em alguns dias tomou viagra em dose excessiva, e chega ainda de manhã com aquela volúpia oral, quer dizer, verbal toda. Dizer como ele disse outro dia que Lula ao discursar fala de um Brasil que ele francamente não vê, é simplesmente um atestado de cegueira. Isso porque basta ver o números da economia do Brasil para ver o por quê de tanta popularidade do presidente. Eu sei que economia boa não significa obrigatoriamente a apropriação das riquezas por parte do povão. Claro! Mas o que acontece de verdade é que foi criado mecanismos de transferência de renda, sim! Está havendo uma melhora de vida, sim! A ponto do professor Márcio Porchamann presidente do IPEA, afirmar que a continuar esses processo de tranferência de renda em curso, oBrasil poderá ser chamado de um país justo em 20 anos. Isso não é pouca coisa não, senhor Ricardo Boechat.

domingo, 25 de outubro de 2009

as tradições afro-brasileiras frente à televisão ou uma história de apropriação.

As pessoas que me conhecem sabem que gosto de contar histórias. Atribuo isso, em parte, a minha formação cultural nordestina. Cresci vendo e ouvindo pessoas contarem histórias, e percebia como a audiência ficava atenta ao narrador numa espécie de transe lúdico-mágico. Pois bem, durante uma aula no mestrado o professor nos falava a respeito do conceito de apropriação, desenvolvido pelo historiador Michel de Certeau e muito utilizado pelo seu pupilo, o Roger Chartier. No momento em que ele falava me ocorreu à memória uma interessante história contada pela antropóloga Rita Segato quando de sua pesquisa sobre o Xangô em Pernambuco. Daí perguntei ao professor se eu poderia contar a história, e se ela explicava o fenômeno da apropriação. A história é a que segue:

Rita Segato quando de sua pesquisa sobre os cultos de Xangô, na década de 1980, na cidade de Recife, Pernambuco, percebeu uma curiosidade interessante. Todos os dias às 20:00 Hs. a comunidade do terreiro no qual realizava a pesquisa suspendia as atividades do culto para assistirem coletivamente a uma determinada novela, veiculada nacionalmente por uma grande emissora de televisão. No início parecia bastante enfadonho e aborrecido para a “doutora”, aquele tipo de procedimento. Aos poucos, no entanto, ela foi se dando conta do fenômeno que transcorria à sua frente. A comunidade do santo, enquanto audiência daquela novela elaborava uma recepção do que estava sendo produzido e veiculado pela televisão, se utilizando de uma espécie de filtro cuja mediação era dada pelo metro do mito. Em outras palavras, a Antropóloga percebeu que ela e o resto do auditório não estavam vendo a mesma coisa. Ela ficava intrigada quando ouvia determinadas pessoas da comunidade se referir aos personagens chamando-os, muitas vezes, pelos nomes das entidades com as quais eles estavam sendo identificados. A realidade e a ficção em suas fugacidades intrínsecas eram examinadas contra um pano de fundo estável: o mito. Este em sua eterna potência atualizadora mediava a compreensão do enredo remetendo-o ao universo mítico da comunidade. Dessa forma, os personagens Nélson Fragonard (Reginaldo Farias) e Miguel Fragonard (Raul Cortez) eram respectivamente Xangô e Ogum. E ambos disputavam, conforme a narrativa mítica, o amor de Lígia (Betty Farias), que representava Iansã. O desfecho dessa história é ainda mais interessante na medida em que revela, reforçando a leitura mítica, a eficácia preditiva do prognóstico mítico. No final, os personagens cumprem um destino já previsto pelo mito. Conforme previsto neste, os filhos de Ogum costumam ter uma morte violenta. Assim como assassinatos ou acidentes. Não foi outro o destino de Miguel/Ogum. Este personagem, conforme a predição do mito encontra a morte através de um assassinato.Essa história nos revela de como uma determinada produção no âmbito da cultura massiva veiculada pela televisão, pode ser recepcionada e apropriada de uma forma imprevista. A comunidade do santo de Recife, dessa forma, se apropriou da narrativa televisiva através da narrativa mítica, reforçando seus laços simbólicos de pertencimento.

PS. o texto no qual a antropóloga conta essa história chama-se "as tradições afro-brasileiras frente a televisão"