quinta-feira, 30 de setembro de 2010

As duas faces da candidata

 Neste providencial artigo o jornalista Mauro Santayana, uma das poucas vozes do atual jornalismo que não aderiu as teses golpistas do PIG (Partido da Imprensa Golpista), nos alerta sobre o que representa a candidatura Marina Silva.

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O SÚBITO INTERESSE, de alguns meios de comunicação e de setores empresariais poderosos, pela candidatura da senadora Marina Silva, recomenda aos nacionalistas brasileiros alguma prudência. A militante ecológica é apresentada ao país como a menina pobre, da floresta profunda, que só se alfabetizou aos 16 anos e fez brilhante carreira política. Tudo isso é verdade, mas é preciso saber o que pensa realmente a senadora do Brasil como um todo.


Convém lembrar que a senhora Silva (que hoje se vale do sobrenome comum para atacar Dilma Rousseff) esteve associada a entidades internacionais, e recebeu o apoio declarado de personalidades norte-americanas, como Al Gore e o cineasta James Cameron.


James Cameron, autor de um filme de forte simbolismo racista e colonialista, Avatar, intrometeu-se em assuntos nacionais e participou de encontro contra a construção da represa de Belo Monte. A respeitável trajetória humana da senadora pelo Acre não é bastante para faz er dela presidente da República. Seu comportamento político , ao longo dos últimos anos, suscita natural e fundada desconfiança dos brasileiros.


Seus admiradores estrangeiros pregam abertamente a intervenção na Amazônia, “para salvar o mundo”. Não são os ocupantes do vasto território que ameaçam o mundo. São as grandes potências, com os Estados Unidos de Gore em primeiro lugar, que, ao sustentar grandes e bem equipados exércitos, pretendem governar todos os povos da Terra.


Al Gore, que festejou a candidatura verde, é o mesmo que pron unciou, com todas as sílabas, uma frase reproduzida pela imprensa: “Ao contrário do que os brasileir os pensam, a Amazônia não é só deles, mas de todos nós”. Desaforo maior é difícil. Ninguém, de bom senso , quer destruir a Natureza, e será necessário preservar a vida em todo o planeta, não só na Amazônia.


A senadora Marina Silva tem sido interlocutora ativa das ONGs internacionais, tão zelosas em defender os índios da Amazônia e desdenhosamente desinteressadas em ajudar os nativos da região de Dourados, em Mato Grosso do Sul, dizimados pela doença, corrompidos pelo álcool e, não raras vezes, assassinados por sicários. Argumente-se, em favor da senadora, que o seu fervor quase apostólico na defesa dos povos da Floresta dificulta-lhe a visão política geral.


Mas seu apego a uma só bandeira, a da ecologia radical, e o fundamentalismo religioso protestante que professa, reduz em as perspectivas de sua candidatura. Com todos os seus méritos e virtudes, não é provável que entenda o Brasil em toda a sua complexidade, em toda a sua inquietude intelectual, em toda a sua maravilhosa diversidade regional. As conveniências da campanha eleitoral já a desviaram de alguns de seus compromissos juvenis.


Esse seu pragmatismo está merecendo a atenção do ex-presidente Fernando Henrique, que pretende um segundo turno com a aliança entre Serra e Marina. Como sempre ocorre com os palpites políticos do ex-presidente, essa declaração é prejudicial a Serra e, provavelmente, também a Marina. Ela, vista por muitos como inocente útil daqueles que nos querem roubar a Amazônia, é vista pelo ex-presidente como inocente útil da candidatura dos tucanos de São Paulo .


É possível desculpar a ingenuidade na vida comum, mas jamais aceitá-la quando se trata das razões de Estado. José Serra poderia ter tido outro desempenho eleitoral, se tivesse desouvido alguns de seus aliados, como Fernando Henrique, que lhe debitou a política de privatizações, e Cesar Maia, que lhe impôs o inconveniente e troglodita Indio da Costa como vice. O apego de Marina a uma só bandeira e o fundamentalismo religioso não a ajudam.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Contribuição para uma reflexão neste momento eleitoral

Estou escrevendo essa mensagem apenas para produzir algumas reflexões que contribuam com o debate para esse momento eleitoral.
Acompanhando as eleições é possível notar que a candidatura da centro-esquerda, hoje representada pela figura de Dilma Roussef, está prestes a ganhar as eleições no primeiro turno. Mas o esforço da mídia corporativa tem se intensificado a ponto de Lula ter declarado que a candidatura da Dilma não vencerá apenas um outro projeto político, mas também alguns jornais e algumas revistas. Logo em seguida a essa declaração de Lula, o jornal Estado de São Paulo fez um editorial no qual declara em alto e bom som, que está apoiando o candidato do PSDB. O jogo é pesado e algumas reflexões importantes estão sendo feitas, como os artigos do jurista Fábio Konder Comparato (Homens novos para um novo mundo) e do teólogo Leonardo Boff (A mídia comercial em guerra contra Lula e Dilma), sendo que este último tinha, há pouco tempo, declarado voto pra Marina Silva. Parece que, no entanto, ele se deu conta de que fazer essa opção é correr o risco de fazer o jogo da direita brasileira.
  Muitos de nós já votaram em projetos que não passavam de um ou dois por cento das intenções de voto. Mas fazíamos isso com a convicção dos que estavam mirando no futuro, conscientes de que aquele projeto articulado com outras forças iria vicejar. Foi assim com o PT de vinte anos atrás. A diferença com o momento atual é que nem Plínio e nem Marina integram grandes projetos nacionais que tenham uma grande inserção nos movimentos sociais. No caso da Marina se dá até o contrário, pois quem a ouviu falar em MST? Votar em Plínio ou na Marina nesse momento é correr o risco de colocar Serra no segundo turno (e aí a força midiática agiria com toda força e todo capital) sem ter, por outro lado, a oportunidade de estar fazendo vingar um projeto coletivo para o futuro. No caso de Plínio, não, mas no da Marina, é um projeto absolutamente pessoal. Votar em Plínio nos dá a tranqüilidade de estar fortalecendo uma oposição de esquerda, mas a que custo isto está sendo feito? Ao custo de estarmos correndo o risco de colocar o Serra no segundo turno. Ou alguém tem a ilusão de que Marina irá para o segundo turno? Ao menos aguardem as vésperas das eleições para ver a distância entre Marina e Serra.
Tenho dito e espero estar errado, mas tudo indica que num eventual segundo turno, Marina apoiaria, usando argumentos de lógica partidária, o candidato José Serra. Foi essa a costura feita por Fernando Gabeira. Para quem se interessar, aconselho o lúcido artigo do professor Emir Sader intitulado “Marina no colo da direita”.
Penso que se por um lado Lula não fez o governo dos nossos sonhos, ao menos temos que reconhecer que os avanços são concretos e diz respeito à vida de milhões de pessoas que puderam vivenciar a mobilidade social (mais de 50 milhões de pessoas ascenderam socialmente). Arriscar essas conquistas é no mínimo, a meu ver, se aventurar numa senda que poderia nos fazer retroceder a tempos muito perversos.
Grande abraço a todos!!!
Ricardo Moreno

http://encontroradical.blogspot.com/2010/09/marina-no-colo-da-direita.html
http://www.fpabramo.org.br/artigos-e-boletins/artigos/homens-novos-para-um-mundo-novo

Como a Datafolha manipulará a próxima pesquisa

Por Antonio Martins

Perguntas tendenciosas embutidas na sondagem, para influenciar o entrevistado

O  jornalista Lauro Jardim, da revista Veja, publicou às 18h24 de ontem (17/9), em seu blog, algo que sugere clara tentativa de manipulação da próxima pesquisa eleitoral Datafolha — uma das últimas, antes do pleito de 3 de outubro.
O questionário apresentado aos entrevistados, conta Lauro, incluirá cinco perguntas que dão relevância à demissão da ministra Erenice Guerra e vinculam as acusações feitas a ela à candidata Dilma Roussef e ao presidente Lula. As questões embutidas são:

– Você tomou conhecimento da saída da ex-ministra-chefe da Casa Civil Erenice Guerra do governo? Se sim, está bem informado, mais ou menos ou mal informado sobre esse caso?
– A ex-ministra-chefe da Casa Civil, Erenice Guerra, pediu demissão após as denúncias de que seu filho teria beneficiado empresas junto ao governo pedindo comissão. Você acredita que o filho de Erenice Guerra beneficiava as empresas junto ao governo pedindo comissão?
– E, na sua opinião, Erenice Guerra sabia ou não que seu filho beneficiava empresas junto ao governo pedindo comissão?
– E o presidente Lula sabia ou não que o filho Erenice Guerra beneficiava empresas junto ao governo pedindo comissão?
– E a candidata Dilma Rousseff, sabia ou não que o filho Erenice Guerra beneficiava empresas junto ao governo pedindo comissão?
O Datafolha tem o direito de pesquisar tudo. Mas misturar numa sondagem sobre intenção de voto questões que repercutem precisamente os temas de campanha de um candidato é manipulação primária.
É possível que o Datafolha alegue intenção de aferir a informação do eleitor sobre temas relevantes à disputa eleitoral. Nesse caso, poderia incluir, entre outras, cinco perguntas bastante objetivas:
1. “Você sabia que o candidato José Serra é apoiado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, embora esconda esta relação em seu programa”?
2. “Você sabia que a filha do candidato José Serra, Verônica Serra, dirigiu a ‘Decidir’, uma empresa que quebrou o sigilo fiscal de milhões de brasileiros, aproveitando-se de influências de seus sócios no governo de Fernando Henrique Cardoso?”
3. “Você sabia que o candidato José Serra foi ministro do Planejamento do governo Fernando Henrique Cardoso, durante o qual foram privatizadas a Vale do Rio Doce, a Telebrás, as siderúrgicas e muitas outras empresas?”
4. “Você sabia que José Serra manteve, quando governador, o preço dos pedágios de São Paulo cerca de dez vezes mais alto, por quilômetro rodado, que nas rodovias federais?”
5. “Você sabia que a bancada fiel aos governadores José Serra e Geraldo Alkmin bloqueou, na Assembléia Legislativa de São Paulo, a constituição de 69 CPIs, impedindo a investigação de denúncias sobre corrupção e tráfico de influências?”

domingo, 26 de setembro de 2010

A midia comercial em guerra contra Lula e Dilma.

Por Leonardo Boff
 A mídia empresarial se comporta como um feroz partido de oposição e, na sua fúria, quais desesperados e inapelavelmente derrotados, seus donos, editorialistas e analistas não têm o mínimo  respeito devido  à mais alta autoridade do país. Nele veem apenas um peão a ser tratado com o chicote da palavra que humilha.
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Sou profundamente pela liberdade de expressão em nome da qual fui punido com o “silêncio obsequioso”pelas autoridades do Vaticano. Sob risco de ser preso e torturado, ajudei a editora Vozes a publicar corajosamente o Brasil Nunca Mais onde se denunciavam as torturas, usando exclusivamente fontes militares, o que acelerou a queda do regime autoritário.

Esta história de vida me avaliza a fazer as críticas que ora faço ao atual enfrentamento entre o presidente Lula e a midia comercial, que reclama ser tolhida em sua liberdade. O que está ocorrendo já não é um enfrentamento de idéias e de interpretações e o uso legítimo da liberdade da imprensa. Está havendo um abuso da liberdade de imprensa que, na previsão de uma derrota eleitoral, decidiu mover uma guerra acirrada contra o presidente Lula e a candidata Dilma Rousseff. Nessa guerra vale tudo: o factoide, a ocultação de fatos, a distorção e a mentira direta.

Precisamos dar o nome a esta mídia comercial. São famílias que, quando veem seus interesses comerciais e ideológicos contrariados, se comportam como “famiglia” mafiosa. São donos privados que pretendem falar para todo Brasil e manter sob tutela a assim chamada opinião pública. São os donos do Estado de São Paulo, da Folha de São Paulo, de O Globo, da revista Veja na qual se instalou a razão cínica e o que há de mais falso e chulo da imprensa brasileira. Estes estão a serviço de um bloco histórico, assentado sobre o capital que sempre explorou o povo e que não aceita um presidente que vem deste povo. Mais que informar e fornecer material para a discusão pública, pois essa é a missão da imprensa, esta mídia empresarial se comporta como um feroz partido de oposição.

Na sua fúria, quais desesperados e inapelavelmente derrotados, seus donos, editorialistas e analistas não têm o mínimo  respeito devido  à mais alta autoridade do país, ao presidente Lula. Nele veem apenas um peão a ser tratado com o chicote da palavra que humilha.

Mas há um fato que eles não conseguem digerir em seu estômago elitista. Custa-lhes aceitar que um operário, nordestino, sobrevivente da grande tribulação dos filhos da pobreza, chegasse a ser presidente. Este lugar, a presidência, assim pensam, cabe a eles, os ilustrados, os articulados com o mundo, embora não consigam se livrar do complexo de vira-latas, pois se sentem meramente menores e associados ao grande jogo mundial. Para eles, o lugar do peão é na fábrica produzindo.

Como o mostrou o grande historiador José Honório Rodrigues (Conciliação e Reforma) “a maioria dominante, conservadora ou liberal, foi sempre alienada, antiprogresssista, antinacional e não contemporânea. A liderança nunca se reconciliou com o povo. Nunca viu nele uma criatura de Deus, nunca o reconheceu, pois gostaria que ele fosse o que não é. Nunca viu suas virtudes nem admirou seus serviços ao país, chamou-o de tudo, Jeca Tatu, negou seus direitos, arrasou sua vida e logo que o viu crescer ela lhe negou, pouco a pouco, sua aprovação, conspirou para colocá-lo de novo na periferia, no lugar que contiua achando que lhe pertence (p.16)”.

Pois esse é o sentido da guerra que movem contra Lula. É uma guerra contra os pobres que estão se libertando. Eles não temem o pobre submisso. Eles têm pavor do pobre que pensa, que fala, que progride e que faz uma trajetória ascedente como Lula. Trata-se, como se depreende, de uma questão de classe. Os de baixo devem ficar em baixo. Ocorre que alguém de baixo chegou lá em cima. Tornou-se o Presidene de todos os brasileiros.  Isso para eles é simplesmente intolerável.

Os donos e seus aliados ideológicos perderam o pulso da história. Não se deram conta de que o Brasil mudou. Surgiram redes de movimentos sociais organizados de onde vem Lula e tantas outras lideranças. Não há mais lugar para coroneis e de “fazedores de cabeça” do povo. Quando Lula afirmou que “a opinião pública somos nós”, frase tão distorcida por essa midia raivosa, quis enfatizar que o povo organizado e consciente arrebatou a pretensão da midia comercial de ser a formadora e a porta-voz exclusiva da opinião pública. Ela tem que renunciar à ditadura da palavra escrita, falada e televisionada e disputar com outras fontes de informação e de opinião.

O povo cansado de ser governado pelas classes dominantes resolveu votar em si mesmo. Votou em Lula como o seu representante. Uma vez no governo, operou uma revolução conceitual, inaceitável para elas. O Estado não se fez inimigo do povo, mas o indutor de mudanças profundas que beneficiaram mais de 30 milhões de brasileiros. De miseráveis se fizeram pobres laboriosos, de pobres laboriosos se fizeram classe média baixa e de classe média baixa de fizeram classe média. Começaram a comer, a ter luz em casa, a poder mandar seus filhos para a escola, a ganhar mais salário, em fim, a melhorar de vida.

Outro conceito inovador foi o desenvolvimento com inclusão social e distribuição de renda. Antes havia apenas desenvolvimento/crescimento que beneficiava aos já beneficiados à custa das massas destituidas e com salários de fome. Agora ocorreu visível mobilização de classes, gerando satisfação das grandes maiorias e a esperança que tudo ainda pode ficar melhor. Concedemos que no governo atual há um déficit de consciência e de práticas ecológicas. Mas importa reconhecer que Lula foi fiel a sua promessa de fazer amplas políticas públicas na direção dos mais marginalizados.

O que a grande maioria almeja é manter a continuidade deste processo de melhora e de mudança. Ora, esta continuidade é perigosa para a mídia comercial que assiste, assustada, o fortalecimento da soberania popular que se torna crítica, não mais manipulável e com vontade de ser ator dessa nova história democrática do Brasil. Vai  ser uma democracia cada vez mais participativa e não apenas delegatícia. Esta abria amplo espaço à corrupção das elites e dava preponderância aos interesses das classes opulentas e ao seu braço ideológico que é a mídia comercial. A democracia participativa escuta os movimentos sociais, faz do Movimento dos Sem Terra (MST), odiado especialmente pela Veja faz questão de não ver, protagonista de mudanças sociais não somente com referência à terra mas também ao modelo econômico e às formas cooperativas de produção.

O que está em jogo neste enfrentamento entre a midia comercial e Lula/Dilma é a questão: que Brasil queremos? Aquele injusto, neocoloncial, neoglobalizado e no fundo, retrógrado e velhista ou o Brasil novo com sujeitos históricos novos, antes sempre mantidos à margem e agora despontando com energias novas para construir um Brasil que ainda nunca tínhamos visto antes.

Esse Brasil é combatido na pessoa do presidente Lula e da candidata Dilma. Mas estes representam o que deve ser. E o que deve ser tem força. Irão triunfar a despeito das má vontade deste setor endurecido da midia comercial e empresarial. A vitória de Dilma dará solidez a este caminho novo ansiado e construido com suor e sangue por tantas gerações de brasileiros.

O mal a evitar, ou o desespero da mídia partidária

 Para quem quiser se indignar até à medula eu aconselho que leia o editorial do jornal Estado de São Paulo no qual o jornal, seguindo orientação do presidente Lula, decide oficializar o apoio à candidatura do tucano José Serra. Ainda que tardio, o movimento de assumir que está de um certo lado não deverá, certamente, ser seguido pelos seus congêneres, que por sua vez ainda vão insistir na simulação patética de que agem de forma equidistante e imparcial. Mas o que deve nos indignar nesse texto do editorial é o viés "casagrandista" que ele destila. No final das contas, Lula acaba não sendo o alvo, e sim a democracia. Mas como todos sabemos, este jornal nunca foi de fato um apreciador das democracias quando estas insistem em ser presididas por uma visão política diferente da dele. Foi assim em 1964 no Brasil e em 1973 no Chile. Nesses dois casos, em nome de se evitar um "mal maior", os Mesquitas tomaram posição contra governos eleitos democraticamente e dessa forma atentaram contra milhões de pessoas. Com um discurso moralizante esta empresa atenta mais uma vez contra a democracia brasileira e se junta àqueles que pretendem fazer com que o Brasil retorne aos tristes anos FHC. 
 a quem interessar possa, segue o link para o editorial do Estadão: