sábado, 28 de agosto de 2010

Elucubrações da grande imprensa

A grande mídia diante do resultado absolutamente adverso por que passa o seu candidato, faz mil elucubrações para tentat explicar esse fracasso. O "Estado de São Paulo" fez uma matéria dizendo o óbvio, mas querendo dar a este óbvio um ar de denúncia, ou de tentar minimizar a imagem da candidata Dilma. Eles dizem em letras garrafais que "não são os atributos da petista que seduzem os eleitores", acrescentando que 2 em cada 3 eleitores dela só fazem isso porque ela é a candidata do Lula. É ou não chover no molhado? Não há dúvida que boa parte do eleitorado de Dilma vota nela por conta dela ser a candidata do Lula, ponto. Mas o que se pode depreender disso é que as pessoas estão votando em um projeto o qual elas vêem como positivo. Não há mistério!

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Dilma e Fluminense, tudo a ver...

Em nova pesquisa nacional do Ibope, aplicada esta semana e que será publicada amanhã pelo jornal O Estado de S. Paulo, Dilma Rousseff abriu 24 pontos percentuais de vantagem sobre José Serra.

Ela subiu oito pontos percentuais nas intenções de voto. Foi para 51%. Serra caiu cinco pontos percentuais - de 32% para 27%. Marina Silva oscilou de 8% para 7%.

Todos os adversários de Dilma somam 34% de intenção de voto. Ela tem 17 pontos percentuais a mais do que eles. Se a eleição fosse hoje, ganharia no primeiro turno.

E agora José?? Ou réquiem para um tucano

Enquanto a oposição sem rumo tenta criar um fato novo que a tire do lamaçal em que se encontra, a campanha da Dilma marcha inexoravelmente para a vitória no primeiro turno. Tenho comparado a campanha dela com a do Fluminense, ou seja, tá lá nas cabeças. Bom, mas voltando a política, eu fiquei sabendo hoje que, entrevistado pela folha e pelo Jornal Nacional, o ministro (que não é flor que se cheire) Marco Aurélio Mello teria dito que "quebra de sigilo fiscal é golpe baixo", mas concluiu afirmando que "eles", se referindo a campanha da Dilma, "não precisam disso". Acontece que a Folha e o JN só usaram a primeira fala do ministro, tentando dessa maneira fazer parecer que há uma suspeita generalizada de que foi mesmo a campanha da Dilma que se utilizou da Receita Federal com fins eleitorais. Esse falso escândalo só reverbera nos blogs que vivem a soldo das fundações ligadas ao PSDB (como o do Reinaldo Azevedo) ou no PIG. Fora disso ninguém leva a sério.
Bom, mas para rir um pouco vale a pena ver essa montagem feita pelo blog "Cloaca News" intitulado "Réquiem para um tucano" com a canção "José" de Paulo Diniz sobre poema de Carlos Drummond. Vejam:

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Já era de se esperar um "escândalo"...

Por que raios o PT , a candidatura Dilma ou quem quer que seja no âmbito progressista iria bisbilhotar o sigilo fiscal da apresentadora Ana Maria Braga? A quem interessaria, de fato, enredar a campanha do PT --como acusa Serra no leito da extrema-unção eleitoral -- numa trama improvável que transforma em vítimas de um mesmo redil alguns de seus 'homens de confiança e de caixa" e a apresentadora mais popular da televisão brasileira junto ao eleitorado feminino? Recorde-se que esta fatia majoritária do universo eleitoral, antes serrista, foi progressivamente conquistada por Dilma, que empatou e agora bate o adversário na preferencia das mulheres, por larga margem, em todas as pesquisas de intenção de voto. A própria apresentadora Ana Maria Braga já manifestou simpatia pela candidata à sucessão de Lula. Insuspeito de qualquer empatia equivalente, o comentarista da Folha, Janio de Freitas, sempre ácido contra Lula, alertava hoje de forma quase premonitória em sua coluna, na qual lamenta o abandono de Serra pelos seus próprios pares. Aspas: '...Menos pela excitação quase esportiva das pesquisas do que pelas atitudes de José Serra e do PSDB diante delas, a disputa eleitoral para a Presidência reduz-se a uma pergunta: o que dizer ainda a seu respeito? É verdade que a Polícia Federal, ao menos até agora, não entrou em cena, como fez nas últimas campanhas com insuspeitada vocação eleitoral, de feitos jamais esclarecidos dada a útil circunstância de que à própria PF coube o dever do esclarecimento.O ensaio de um ex-delegado federal não passou disso mesmo, agora, com o tal convite para abastecer de dados, sobre oposicionistas, um citado serviço de inteligência da campanha de Dilma Rousseff. Tempo há, mas seria impróprio atribuir a essa expectativa as atitudes de Serra e do PSDB diante da sua performance no skate em ladeira..." Recoloca-se a pergunta: a quem interessa a reedição de um 'caso Lunus' versão 2010? Em 2002, como se recorda, uma obscura ação da PF envolvendo como sempre malas de dinheiro fotogenicamente oferecidas ao Jornal Nacional e correlatos, tirou da disputa Roseane Sarney, então a principal rival de Serra na disputa pela primazia eleitoral junto aos interesses de centro-direita na sucessão de FHC. Como ironiza Janio de Freitas coube à própria raposa investigar o esquartejamento das galinhas nquele episódio. O caso nunca foi esclarecido, mas a família Sarney sedimentou uma esférica certeza: Serra deixou digitais na chacina.
(Carta Maior; 27-08)

Mais uma lusitana...

Portugal sempre foi para nós brasileiros, fonte de piadas e brincadeiras. Agora na era virtual não seria diferente. De vez em quando encontro na rede umas coisas engraçadas, como por exemplo, a Anabela de Malhadas, que postei há alguns dias atrás. Agora posto uma conversação televisiva muito engraçada. A âncora do jornal ficou um pouco atordoada com a inusitada cantada, se podemos dizer assim, que recebeu de um fã. Vejam:

da série ilusão de ótica

Leitor, se você olhar de perto essa imagem verá uma pessoa muito conhecida: o cientista Albert Einstein. Mas se você se afastar aproximadamente 05 metros verá surgir a imagem de Marilyn Monroe. Experimente:


quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Centenário de dois grandes mestres

Noel Rosa e Adoniran Barbosa, um centenário para dois cronistas...



Neste ano de 2010 dois expoentes do cancioneiro popular brasileiro assinalam seus respectivos centenários de nascimento. Pois é, o paulista Adoniran Barbosa e o carioca Noel Rosa completariam, se vivos fossem, a marca dos cem anos. Mas o importante de assinalar nessa coincidência não é apenas a data redonda e cheia, mas o fato de que os dois se constituem como dois gigantes da crônica social e de costumes do tempo em que produziram.

Noel e Adoniran se inscrevem em uma longa e rica tradição narrativa dos elementos que compõem as realidades cotidianas. Por suas letras desfilam os personagens da malandragem, e entendemos aqui esse termo não apenas como característica de pessoas malfazejas, mas também como um conjunto de habilidades necessárias para situar os indivíduos dentro de uma ordem social excludente. A astúcia do pobre, como diz Ariano Suassuna se referindo ao seu personagem João Grilo, é a forma que o pobre tem para conseguir sobreviver.

Esses dois artistas podem ser considerados como sambistas, uma vez que o samba foi a forma musical predominante na qual os dois desenvolveram suas canções. Compuseram marchas e emboladas (no caso de Noel), mas foi mesmo no samba que os dois se notabilizaram. Nesse sentido é importante lembrar que a década de 1930 é, segundo alguns pesquisadores, o período em que no Rio de Janeiro esse gênero vai passar por uma transformação fundamental. As mudanças referidas se dão tanto no que diz respeito aos elementos intra-musicais – modificações rítmicas que o faria ficar mais distante do gênero maxixe, e mudanças timbrísticas –, mas também extra-musicais, como por exemplo, o papel simbólico que o samba iria desempenhar na sociedade carioca e brasileira nos anos seguintes até se tornar o gênero musical identitário brasileiro por excelência. É na geração de Noel que o samba vai de certa forma “embranquecendo”, sendo ele talvez o primeiro compositor branco de destaque no cenário do samba carioca.

O humor é também uma característica comum aos dois compositores. Mas registremos que são “humores” diferentes. Noel é sarcástico e irônico inclusive com ele mesmo, haja visto o samba “Tarzan, o filho do alfaiate”, samba no qual ele fala de um personagem que apesar de ser muito magro tem um alfaiate que com seu corte faz dele um sujeito aparentemente forte. “cheguei até a ser contratado / prá subir em um tablado / pra vencer um campeão / mas a empresa / prá evitar assassinato / rasgou logo meu contrato / quando me viu sem roupão”. Noel descreve como ninguém uma certa malandragem carioca, basta ouvir “conversa de botequim”, para entender do que se fala aqui. Enfim... uma jóia!

Por outro lado, Adoniran tem várias passagens engraçadas extraídas do cotidiano sofrido das pessoas comuns. Mas não raro, essa alegria tende a resvalar numa tristeza que na verdade parece que sempre esteve ali. Faz lembrar muito a alegria/tristeza do palhaço, que não obstante nos fazer rir, acaba por nos entristecer com um desfecho que aponta para uma carência, uma falta. É muito comum ainda esse humor vir junto com uma resignação, que faz com que o texto seja ao mesmo tempo de denúncia social e de aceitação das coisas tal qual elas se arranjaram. Esse viés aparece em inúmeras obras do mestre paulista. No clássico “Saudosa maloca” o tema é, sem dúvida, o da especulação imobiliária, ou em outras palavras, de um tipo de ocupação do espaço público que privilegia o capital e relega o indivíduo pobre a uma condição de não-cidadania. Mas o arremate que Adoniran dá a esta peça que deveria ou poderia ser de denúncia das injustiças do cotidiano, ganha um ar de fatalidade quando ele diz: “os ‘home’ tá com a razão nóis arranja outro lugar”, ou mais a frente quando em tom de consolo fala “Deus dá o frio, conforme o cobertor”. É ou não é uma primor de resignação e aceitação. Há ainda, entre outras tantas, uma canção que se chama “Despejo na favela”, samba gravado em duo com Gonzaguinha, que como o próprio título já adianta, trata de uma ação na favela na qual o poder público vai desalojar a todos. O máximo de rebeldia que ele professa é quando diz “não tem nada não seu doutor / não tem nada não / amanhã mesmo vou deixar meu barracão / não tem nada não seu doutor / vou sair daqui pra não ouvir o ronco do trator”.

Para encerrar eu gostaria de destacar aqui uma análise feita pelo compositor e professor de Literatura da USP José Miguel Wisnik. Em um texto chamado “Te-manduco-não-manduco: a música popular de São Paulo” Wisnik analisa o modo como a cidade de São Paulo se imprime na música de Adoniran em um tentame de interpretação das relações entre o indivíduo e a cidade. Wisnik conta uma passagem em que Paulo Vanzolini (o compositor da canção “Ronda”) certa feita perguntou a Adoniran por que é que no samba “trem das onze” ele falava “em Jaçanã” e não no Jaçanã como de fato falam os moradores daquele bairro. Adoniran teria dito “e eu sei lá onde fica essa porcaria”. Wisnik analisa que isso equivale pensar Noel não saber onde é Vila Isabel ou Cartola não saber onde é a Mangueira. Claro que Adoniran estava ligado àquela parte da cidade mais italianizada como o Bexiga, mas o fato dele ter citado o Jaçanã sem ter nenhuma relação com o lugar evidenciava uma relação ficcional entre o artista e a cidade, diferente dos artistas do Rio, que citava os espaços geográficos com os quais eles tinham uma relação orgânica. Nesse sentido ele considera que pelas dimensões e configurações da cidade de São Paulo, esta seria na obra do compositor uma peça ficcional, e em sendo assim o próprio cantor compositor que era Adoniran, era também um personagem dessa criação.

De todo modo, registremos aqui a importância desses dois criadores e intérpretes da alma brasileira que foram Noel de Medeiros Rosa e João Rubinato, ou simplesmente Noel Rosa e Adoniran Barbosa.


p.s. quem puder dê uma olhada na série feita pela jornalista Aline Midlej e que está disponível no link:

http://videos.band.com.br/v_65609_adoniran_100_anos_na_boca_do_povo_sotaque.htm

domingo, 22 de agosto de 2010

Para rir um pouco

Flagrante de um programa de rádio em Portugal... contribuição do meu sobrinho Tito.