sábado, 3 de abril de 2010

Versão baterística do "Barbeiro de Sevilha"

Interessante esta versão do "Barbeiro de Sevilha" com a bateria do primeiro plano.


Conferência aprova eleição para diretor de escola e máximo de alunos por turma

 As conferências nacionais setoriais, como a das comunicações ocorridas no final do ano passado, não são uma invenção do governo Lula, mas tem tido muito apoio nesse governo. Como o próprio texto abaixo informa, elas não têm poder normativo, mas é um canal pelo qual a sociedade organizada se manifesta no sentido de orientar os legisladores. É sem dúvida uma iniciativa que atua no sentido da democratização do estado brasileiro constituindo-se como um pólo de poder. Abaixo, um pequeno texto da Agência Nacional de Notícias, informando algumas decisões da conferência:
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Amanda Cieglinski
Repórter da Agência Brasil
 

Brasília - Terminou hoje (31) a primeira rodada de debates sobre as propostas que estão em discussão durante a Conferência Nacional de Educação (Conae). Parte já foi aprovada, como a eleição direta para diretores nas escolas públicas e um número máximo de alunos por turma para cada etapa do ensino.
 
As propostas que já foram aprovadas hoje (31), em tese, seguem direito para o documento final da Conae, desde que nenhum delegado faça algum tipo de questionamento amanhã (1°), durante a plenária final. Mas a tendência é que elas sejam mantidas, porque já foram aprovados por mais de 50% dos participantes das plenárias dos eixos.
 
No eixo sobre a valorização profissional, ficou aprovado que o número máximo de alunos por turmas seja de 15 na pré-escola, 20 no ensino fundamental, 25 no ensino médio e 30 no ensino superior.
 
Os delegados também votaram a favor de uma proposta para criar o “ano sabático” para os professores da rede pública: a cada sete anos trabalhados, o profissional poderia tirar licença por um ano para estudar, mantendo a remuneração. Outra determinação é para que o piso nacional dos professores, estabelecido por lei em 2008, seja reajustado anualmente pelo Índice do Custo de Vida (ICV) do Dieese.
 
Como ocorre em toda a conferência, as propostas aprovadas não têm força de lei, mas servem como um indicativo para as políticas públicas. No caso da Conae, elas serão diretrizes para a elaboração do novo Plano Nacional de Educação (PNE), que vai orientar as políticas do setor para os próximos dez anos. O PNE precisa ser aprovado este ano pelo Congresso Nacional para vigorar a partir de 2011.
 
“A conferência é uma discussão da sociedade , mas não é executiva, nem normativa. O que a sociedade civil vai fazer é cobrar para ver se essas diretrizes serão aplicadas, por exemplo, no PNE”, explica o coordenador-geral da Conae, Francisco das Chagas.
 
Algumas propostas polêmicas, que não foram aprovadas pela maioria na discussão de cada um dos eixos, serão decididas amanhã na plenária final. Entre eles, estão a questão das cotas nas universidades públicas e a extinção do Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja), cujo objetivo é avaliar as competências e habilidades básicas de jovens e adultos que não tiveram acesso ao ensino regular na idade adequada para garantir a eles o direito a um diploma.
 

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Presidente Lula no Canal Livre da Rede Bandeirantes.

Domingo próximo, dia 04 de abril, às 23:00 Hs. o presidente Lula dará uma entrevista no programa Canal Livre da rede Bandeirantes.

Avatar conta uma história que preferimos esquecer

Este artigo de George Monbiot foi sugerido para publicação aqui no blog pelo meu amigo Emerson Silva, que se encontra nesse momento na Venezuela, entusiasmado pelas conquistas da revolução bolivariana que presençia in loco.  Não vi o filme que é objeto da crítica de Monbiot, mas o seu artigo põe o dedo um uma ferida enorme do mundo civilizado.


Por George Monbiot

O Blockbuster em 3D Avatar, de James Cameron, é tanto profundamente tolo como profundo. É profundo porque, como em muitos filmes sobre alienígenas, é uma metáfora para o contato entre culturas humanas diferentes. Mas nesse caso a metáfora é consciente e precisa: esta é a história do engajamento europeu com os povos nativos das Américas. É profundamente tolo porque a exigência de um final feliz engendra um enredo tão estúpido e previsível que arranca o coração do filme. O destino dos nativos americanos é tratado com mais proximidade histórica do que a história contada em outro filme novo, The Road (John Hillcoat, 2009), no qual pessoas sobreviventes de um cataclismo fogem aterrorizadas enquanto são caçadas até a extinção.

Mas essa é uma história que ninguém quer escutar, por causa do desafio que oferece ao modo como escolhemos ver a nós mesmos. A Europa enriqueceu maciçamente com os genocídios nas Américas; as nações americanas foram fundadas neles. Essa é uma história que não podemos aceitar.

Em seu livro Holocausto Americano, o acadêmico estadunidense David Stannard documenta os maiores atos de genocídio que o mundo já experienciou. Em 1492, 100 mil povos nativos viviam nas Américas. No fim do Século XIX, quase todos eles tinham sido exterminados. Muitos morreram de doenças. Mas a extinção em massa também foi empreendida.

Quando os espanhóis chegaram nas Américas, eles descreveram um mundo que dificilmente teria sido muito diferente do seu próprio. A Europa foi devastada pela guerra, pela opressão, escravidão, fanatismo, doença e fome. As populações que encontraram eram saudáveis, bem nutridas e em sua maioria (com exceções, como os Astecas e Incas), pacíficas, democráticas e igualitárias. Pelas Américas, os primeiros exploradores, inclusive Colombo, observaram a extraordinária hospitalidade dos nativos. Os conquistadores ficaram maravilhados com as impressionantes estradas, construções e com a arte que encontraram, a qual em alguns casos ia além de tudo o que tinham visto antes. Nada disso os impediu de destruir tudo e todos que encontraram pelo caminho.

O açougue começou com Colombo. Ele abateu o povo nativo da Hispaniola (hoje Haiti e República Dominicana) por meio de uma brutalidade inimaginável. Seus soldados arrancaram bebês de suas mães e espatifaram suas cabeças em pedras. Jogaram seus cachorros sobre crianças vivas. Numa ocasião, eles enforcaram 13 índios em honra a Cristo e aos 12 discípulos, num cadafalso na altura em que seus dedos tocassem o chão, então os estriparam e queimaram vivos. Colombo ordenou que todos os nativos entregassem uma certa quantia de ouro a cada três meses; quem não o fizesse teria suas mãos cortadas. Por volta de 1535, a população nativa da Hispaniola havia caído de 8 mil para zero; parte como consequência de doença, parte como de assassinato, sobrecarga de trabalho e fome.

Os conquistadores espalharam sua missão civilizatória ao longo das Américas Central e do Sul. Quando não conseguiam dizer onde seus tesouros míticos estavam escondidos, os povos indígenas eram açoitados, afogados, desmembrados, devorados por cachorros, enterrados vivos ou queimados. Os soldados cortavam os seios das mulheres, devolviam as pessoas a suas cidades com suas mãos e narizes cortados, ao redor de seus pescoços e índios caçados por seus cães, por esporte. Mas a maior parte foi morta pela escravidão e doença. Os espanhóis descobriram que era mais barato fazer os índios trabalharem até a morte e substituí-los, do que mantê-los vivos: a expectativa de vida nas minas e plantações era de três a quatro meses. Um século após sua chegada, em torno de 95% da população da América Central e do Sul tinha sido destruída.

Na Califórnia, ao longo do Século XVIII a Espanha sistematizou o extermínio. Um missionário franciscano chamado Juniperro Serra deu cabo de uma série de “missões”: na realidade, de campos de concentração usando trabalho escravo. A população nativa foi arrebanhada pela força das armas e posta a trabalhar nos campos, com um quinto das calorias de que os afro-americanos escravos no Século XIX se nutriam. Eles morriam de tanto trabalhar, de fome e doença em índices alarmantes, e eram continuamente substituídos, limpando etnicamente as populações indígenas. Juniperro Serra, o Eichmann da Califórnia, foi beatificado pelo Vaticano em 1988. Neste momento esperam mais um só milagre seu para torná-lo santo.

Enquanto a colonização espanhola foi orientada pelo lustro do ouro, a Norte-Americana foi pela terra. Na Nova Inglaterra eles renderam as vilas dos nativos americanos e os assassinaram enquanto dormiam. Enquanto o padrão oeste de genocídio se espalhava, era endossado em níveis cada vez mais altos. George Washington ordenou a destruição total das casas e da terra dos Iroquois. Thomas Jefferson declarou que as guerras de sua nação com os índios deveriam continuar até que cada tribo “seja eliminada ou jogada para além do Mississipi”. No Massacre de Sand Creek, de 1864, tropas no Colorado abateram povos desarmados com a bandeira branca em mãos, matando crianças e bebês, mutilando seus corpos e guardando as genitálias das vítimas para usar como porta-tabaco ou amarrar seus chapéus. Theodore Roosevelt chamou a esse evento de “o feito mais correto e benéfico jamais ocorrido na fronteira”.

O abatedouro ainda não acabou: no mês passado, o Guardian reportou que fazendeiros brasileiros na Amazônia oeste, depois de abaterem a todos, tentaram mantar o último sobrevivente de uma tribo da floresta. Ainda assim, os maiores atos de genocídio da história raramente perturbam nossa consciência coletiva. Talvez tivesse vindo a ser isso o que teria ocorrido caso os nazistas houvesse vencido a Segunda Guerra Mundial: o Holocausto teria sido denegado, desculpado ou minimizado da mesma maneira, mesmo se continuasse a ocorrer. As pessoas das nações responsáveis – Espanha, Inglaterra, EUA e outros – não tolerarão comparações, mas as soluções finais empreendidas nas Américas foram muitíssimo melhor sucedidas. Aqueles que cometeram ou as endossaram ainda perseveram como heróis nacionais. Aqueles que fustigam nossa memória são ignorados e condenados.

É por isso que a direita odeia Avatar. No neocon Weekly Standard, John Podhoretz reclama que o filme parece “um western revisionista”, no qual “os índios se tornam caras bons e os Americanos, os caras ruins”. Ele diz que o filme questiona “as raízes da derrota dos soldados americanos nas mãos da insurgência”. Insurgência é uma palavra interessante para uma tentativa de resistir à invasão: insurgente, como selvagem, é como é chamado alguém que tem alguma coisa que você quer. L'Observatore Romano, jornal oficial do Vaticano, condenou o filme, chamando-o de “apenas...uma parábola anti-imperialista e anti-militarista”.

Mas ao menos a direita sabe o que está atacando. No New York Times, o crítico liberal Adam Cohen elogia Avatar por defender a necessidade de se ver claramente. O filme revela, diz ele, “um princípio bem conhecido do totalitarismo e do genocídio, que o oponente é melhor oprimido quando não podemos vê-lo”. Mas, numa formidável ironia inconsciente, ele contorna estrondosamente a metáfora óbvia e, em vez de falar dela, ele enfatiza as atrocidades nazistas e soviéticas. Nós nos tornamos todos hábeis na arte de não ver.

Eu concordo com as críticas de direita que dizem que Avatar é rude, enjoativo e clichê. Mas ele fala de uma coisa mais importante – e mais perigosa – do que aquelas contidas em milhares de filmes de arte.

Greve dos professores em São Paulo

A greve dos professores de São Paulo tem nos dado uma mostra do que seria um virtual governo do PSDB em nível nacional. A ação repressiva tem sido violenta e envolve práticas absolutamente condenáveis, como o fato de infiltrar policiais nas manifestações. Para quem pensa que essa prática é uma atitude isolada, é bom saber que o governo de Yeda Crucius, também do PSDB, no Rio Grande do Sul, agiu da mesma forma. A foto ao lado mostra um policial infiltrado com uma credencial falsa do site jornalístico "carta maior".
 A grande imprensa tenta proteger o quanto pode o seu candidato e faz uma cobertura pífia do movimento dos professores, mas estes dão uma demonstração de brio e dignidade, tentando, mesmo com toda ação repressiva e truculenta do governo estadual, estabelecer um canal de negociação. A greve tem apoio de todas as instituições representativas dos professores. A tentativa do governo de acusar o movimento de ser um movimento eleitoral demonstra a total desqualificação do governo, pois eles afirmam isso como se não houvesse razões objetivas para a greve. Por exemplo: desde 2005, os professores paulistas receberam apenas 5% de aumento salarial, contra uma inflação de 22% no período". E isso é só o começo da história.
 Todo apoio à greve dos professores da Rede Estadual de São Paulo!
 
 

terça-feira, 30 de março de 2010

Joseph Campbell, o evolucionista das religiões

Joseph Campbell, o evolucionista das religiões


por Luiz Biajoni –

   Mais do que Darwin, Joseph Campbell (1904-1987) investigou, ao longo de toda sua vida, não a evolução das espécies, mas a evolução das religiões. O resultado mais importante dessa investigação é a obra apropriadamente chamada As máscaras de Deus, dividida em 4 volumes: Mitologia primitiva, Mitologia oriental, Mitologia ocidental e Mitologia criativa. Nela, o pesquisador mostra como nasceram mitos que originaram religiões em todo o mundo, cruza dados e histórias, apontando semelhanças, mostrando onde estão os interesses por trás das religiões enquanto forças sociais e, até onde o vasto conhecimento lhe permite, desvela as metáforas das histórias mitológicas.

O mais importante desse trabalho, diz ele, é mostrar para as mentes estreitas que os mitos tendem a se tornar História – e isso é triste. Citando Alan Watts (Myth and ritual in Christianity): “O Cristianismo foi interpretado por uma hierarquia ortodoxa que degradou o mito até convertê-lo em ciência e história. [...] Porque quando o mito é confundido com história, ele deixa de aplicar-se à vida interior do homem.”

Em uma de suas palestras memoráveis – várias reunidas em livros lançados no Brasil –, Campbell conta sobre um trecho do livro sagrado do budismo onde Buda estica uma das mãos e de cada dedo sai um tigre que ataca seus inimigos. Se esse trecho estivesse na Bíblia, com Jesus Cristo como protagonista, crentes iriam jurar de pés juntos que foi assim mesmo que aconteceu.

Segundo Campbell, em todo Oriente prevalece a idéia de que o último plano da existência é algo além do nosso pensamento e nosso entendimento. Sendo assim, podemos acreditar no mistério mas não racionalizar ou querer situá-lo histórica e geograficamente. De maneira que não há o culto como conhecemos no Ocidente. Linhas de pensamento religioso orientais são: “Saber é não saber, não saber é saber” (Upanishad), “Os que sabem permanecem quietos” (Tao Te King), “Isto és tu” (Vedas). Chegar ao outro lado da margem do pensamento para encontrar paz e bem-estar é a finalidade do mito oriental.

No mito ocidental existe sempre um criador e uma criatura e os dois não são o mesmo – estão sempre em conflito e sempre há alguém ou algo a atrapalhar, incomodar; um diabo, um extraviado da criação. Diante da pouca importância que o homem tem diante de um Deus tão exigente, ele deve se ajoelhar e servir e não questionar e obedecer a parâmetros sempre ditados por alguma instituição, uma igreja, uma denominação. É uma religião de subserviência, cuja gestão é o conflito e o terrorismo psicológico, imposto pelas lideranças religiosas ou auto-imposto pelos crentes.

Para Campbell, “o divisor geográfico entre as esferas oriental e ocidental do mito e do ritual é o planalto do Irã”. O terceiro volume de As máscaras de Deus, que trata da Mitologia Ocidental, escrito em 1964, conta o nascimento da religião muçulmana e como ela cresceu no Oriente Médio, tornando-se ameaçadora para o cristianismo; as tensões que abalavam a ordem cristã que era sustentada por uma mitologia de autoridade clerical.

Talvez esse quadro geral tenha gerado o fanatismo, alimentado pelas lideranças religiosas; e o dinheiro que estas têm pode ter influenciado na ordem social. Campbell, otimista e racional, escreveu:

Nenhum adulto hoje se voltaria para o Livro do Gênese com o propósito de saber sobre as origens da Terra, das plantas, dos animais, do homem. Não houve nenhum dilúvio, nenhuma Torre de Babel, nenhum primeiro casal no paraíso, e entre a primeira aparição do homem na Terra e as primeiras construções de cidades, não uma geração (de Adão para Caim), mas milhares delas devem ter vindo a esse mundo e passado a outro. Hoje nos voltamos para a ciência em busca de imagens do passado e da estrutura do mundo. O que os demônios rodopiantes do átomo e as galáxias a que nos aproximam telescópios revelam é uma maravilha que faz com que a Babel da Bíblia pareça uma fantasia do reino imaginário da querida infância de nosso cérebro.

Ele mal sabia que as religiões se fortaleceriam, ganhariam cada vez mais adeptos e fanáticos, se ramificariam e tomariam de assalto a educação, a ciência e mesmo a sanidade racional do homem.



As idéias de Campbell fizeram sucesso nos anos 70, ele se tornou um ícone para os hippies-paz-e-amor pregando (essa não é nem de longe a melhor palavra, mas vou deixar) o compromisso social geral pelo avanço irrestrito da sociedade, com tolerância e respeito ao outro, pela paz e pela metáfora religiosa como elemento de ligação entre o ser e o mistério. Não por acaso, Campbell é o autor que inspirou George Lucas na saga Guerra nas estrelas – e o ponto culminante do primeiro filme, quando Luke Skywalker vai destruir a Estrela da Morte e os equipamentos falham, é a “voz da consciência” do herói que pede que ele não acredite nos aparelhos (assim como não devemos acreditar nas histórias míticas ou no que diz qualquer pretenso salvador) e acredite em si mesmo.

As histórias mitológicas – assim como Guerra nas estrelas inaugou uma mitologia – deviam servir como metáforas para nossas vidas. O problema é que as pessoas não sabem o que é metáfora; acham que uma metáfora é uma mentira. As escrituras sagradas são todas metáforas, mas os religiosos conseguem entende-las apenas como Realidade, e acham que aqueles que não entendem que se trata de Realidade consideram o que está ali escrito, Mentiras.

Um radialista uma vez quis pegar Campbell ao vivo nesta encruzilhada e perguntou ao pesquisador o que era uma metáfora. Campbell devolveu a pergunta e o radialista deu um exemplo de metáfora: “Ele corre como um coelho”. Campbell disse que era justamente aí que estava o problema: metáfora seria se se dissesse “Ele é um coelho”. Na afirmação justa de uma realidade improvável, a condenação de um mundo.

As grandes metáforas das religiões não podem ser entendidas como realidade e não podem atrapalhar o avanço científico da sociedade; não podem interferir na paz entre países, nem em angústias para as pessoas; não podem restringir o direito de amar – ora vejam! –, nem provocar ódio. As grandes metáforas das religiões deveriam ser poesias para os ouvidos – mas ninguém quer saber de poesia!

“Alguns, talvez, queiram ainda curvar-se diante de uma máscara, por medo da natureza. Mas se não há divindade na natureza, a natureza que Deus criou, como poderia haver na idéia de Deus, que a natureza do homem criou?” – pergunta Campbell.

Pois qualquer um que não entenda que foi o homem quem criou Deus, talvez não possa discutir coisa alguma de maneira sensível e racional.


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P.S.: Além de Darwin, Campbell deveria ser estudado nas escolas, com a intenção de abrir os horizontes sobre a religião na cabeça dos jovens. Um livro de Campbell indicado para evangélicos é Isto és tu (Landy Editora, 2002). É um bom começo para quem se interessa pela visão metafórica – especialmente do cristianismo, no caso desse livro. Para quem conhece a obra de Campbell, porém, esse livro é algo deprimente, já que ele tenta vender a imagem do autor como católico, dizendo que Campbell, no fim da vida, num hospital em Honolulu, diante de uma imagem de Cristo, “experimentou profundamente o âmago do símbolo cristão”, como se tivesse “aceitado” alguma religião. Acredito que tenha acontecido a cena, mas quem a viu a interpretou – mais uma vez – de modo errado. Sua mulher, Jean Erdman, teria dito que Campbell ficou emocionado ao ver a imagem, já que se tratava do Cristo Triunfante, “símbolo do zelo da eternidade pela encarnação no tempo, que envolve a dissolvência do uno no múltiplo e a aceitação dos sofrimentos de uma maneira confiante e jubilosa”. Ele estava com câncer e muita dor. Algum fanático vai dizer que ele mereceu morrer assim.

domingo, 28 de março de 2010

Evaldo Braga - O ídolo negro

Evaldo Braga, ou o ídolo negro, foi um dos artistas mais queridos do seu tempo. Sua música embalou os sonhos apaixonados de muitos jovens das periferias do Brasil inteiro. Era um verdadeiro fenômeno de massa. Ainda hoje a simples menção do seu nome faz muita gente chorar, principalmente pela forma trágica e abrupta de sua morte. Infelizmente, talvez por viés estético-classista, a sua obra não mereceu a atenção de muitos que pesquisaram a música popular brasileira. De todo modo, há excessões, e aqui mostro uma delas. Um belo documentário sobre a vida e a obra desse grande ídolo popular, que, não obstante sua curta trajetória, mobilizou as emoções de muita gente nas décadas de 1960 e 1970. Segue abaixo as três partes nas quais se dividem o documentário.

parte 1:



parte 2:



parte 3: