quinta-feira, 8 de julho de 2010

Loucuras de um âncora

 Hoje de manhã ouvindo um programa da rádio Bandeirantes (Bandnews) ouvi um comentário do âncora Ricardo Boechat, que só pude considerar, no mínimo, como um desrespeito a minha inteligência. O fato é que Boechat estava comentando sobre o programa "A hora do Brasil", e no mesmo ele dizia que esse tipo de programa era típico de governos autoritários e que já existe programas jornalísticos em quantidade e qualidade suficientes para ainda termos que aturar um jornalismo chapa-branca e coisa e tal. Dizer que o programa "A hora do Brasil" é chato, é apenas uma opinião, e nesse caso, cada um tem a sua. A questão é que ele afirmava acreditar que essa é a opinião do povo brasileiro. Eis aí um viés típico das grandes mídias, qual seja, o de confundir seus próprios interesses com os interesses do "povo brasileiro". Eles acreditam, ou querem nos fazer acreditar, que veículam democraticamente o interesse ou a opinião das pessoas. Que são apenas veículo dos interesses da maioria.
 Ora, acreditar nisso, prá dizer pouco, é se candidatar ao troféu velhinha de Taubaté (quem não lembra dessa personagem do Veríssimo?), pois se há uma questão do nosso tempo, é a luta pela democratização das comunicações. E não estou falando apenas do Brasil. Basta saber o que está acontecendo hoje na Argentina, na Venezuela e em tantos outros lugares.
 Em um certo momento do seu comentário, o âncora disse uma verdadeira pérola: "pra que ainda existe esse tipo de programa obrigatório (A hora do Brasil), se já temos uma mídia plural e diversificada, que atende todos os interesses da população?". Um achado, não concordam? Bom, fiquei tão indignado que enviei uma mensagem para o programa, que exponho abaixo:
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Ouço quase todos os dias uma boa parte do programa de Ricardo Boechat, e posso dizer que é um programa muito bem feito e as vezes até divertido. Mas não posso concordar quando a opinião do programa se junta a uma tendência geral da mídia monopolista brasileira, quando pensa a si mesmo como sendo "a opinião pública". Refiro-me ao comentário do Boechat sobre o programa "a hora do Brasil". Não é possível confundir os interesses das empresas, como o da própria Band, com os interesses das pessoas. Eu pessoalmente não sei se o povo brasileiro votaria a favor da extinção desse programa em um plebiscito. Eu gostaria que não acabasse, mas não posso dizer que esse seja o desejo do povo. Outra coisa: dizer que há pluralismo nos meios de comunicação, é no mínimo uma grande desinformação, para não dizer outra coisa. Aconselho assistirem o documentário de Jorge Furtado, o mesmo de "Ilha das flores", chamado "Levante sua voz". O documentário traz uma breve história da concentração dos meios de comunicação no Brasil, com os nomes dos principais atores do cenário, e um panorama sobre a dificuldade de se ter uma comunicação mais democrática no país. O mau uso das concessões públicas começa na própria rede bandeirantes, empresa na qual o proprietário usa a rede pra defender interesses dos ruralistas, grupo do qual faz parte.
 Esperando não ter ofendido suscetibilidades, despeço-me respeitosamente.

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