quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Mayara Petruso e o proto fascismo brasileiro

  O episódio Mayara Petruso no qual esta jovem de classe média paulistana destilou todo seu ódio classista e racista foi apenas mais um episódio instrutivo dessa passagem eleitoral. Em um post na sua página no twitter a jovem incita ao assassinato de nordestinos. Diz ela: "SP, mate um nordestino afogado!". Ainda acrescenta ataques ao bolsa família, ao qual se refere como "bolsa 171", e por aí vai. Não creio que seja possível generalizar esse pensamento e afirmar que ele representa a mentalidade de São Paulo, ou de toda sua classe média. Não!! Seria insensato. Mas também creio que não seja correto afirmar que seja este um caso totalmente isolado. Eu mesmo já senti na pele esse tipo de raciocínio, se é que se pode chamar assim, que atribui aos nordestinos a responsabilidade pelos grandes problemas brasileiros (não era isso que Hitler fazia com relação aos judeus??).
  Lembro que recém chegado ao Rio nos idos de 1983, encontrei um sujeito num elevador, onde havia mais algmas pessoas, que dizia claramente em alto e bom som, que o Rio de Janeiro não era mais como antigamente, e a culpa por esta decadência era "desses nordestinos". Ele falava olhando para o grupo como que pedindo o assentimento dos demais, e sem se dar conta de que eu era um daqueles culpados pela decadência do Rio de Janeiro. Mas como eu não preenchia os requisitos biotípicos que ele tinha na cabeça de como era o "verdadeiro" nordestino (sim, porque esse pessoal vive de estereótipos), ele insistia para que concordássemos com ele. Um idiota!!
  Mas voltando ao caso Mayara, é preciso reconhecer que este não é um caso tão isolado assim. Ele expressa uma fatia social de viés nitidamente fascista que por ora, me parece, encontra-se desorganizada. Não sei se o José Serra e sua campanha concordam com isto, mas sei que sua candidatura expressaria,s em dúvida, o interesse dessa parcela "nazi" da sociedade. Não é difícil imaginar que nos ambientes íntimos dessas casas-grandes circulem esse tipo de assunto criando assim uma espécie de caldo de cultura racista, que deixa marcas fortes nas formações subjetivas de seus jovens, que por sua vez vão ser novos agentes da perpetuação do ódio e do desprezo pelo outro.
   O episódio é lamentável, mas mais do que lamentar devemos estar atentos aos rumos das coisas. Não um, mas vários "ovos de serpentes", como na expressão de Bergman, podem estar sendo gestados na contemporaneidade. Só para não pensar que Mayara está só nessa linha de raciocínio, acredito que seja interessante dar uma olhada nesse vídeo:




3 comentários:

  1. No dia a dia,esse tipo de indivíduo expressa esta idéias no metrô,no ônibus,na padaria,etc..
    Felizmente,o que tenho observado é:
    *alguns concordam do tipo Maria vai com as ouras,è péssimo,mais não se concretiza em suas atitudes.
    *outros concordam,porque chegam até a ter medo de uma pessoa que pensa assim.Não concretizam em suas atitudes.
    *uma minoria concorda,e até incentiva o discurso do sujeito,e nessa minoria,tem gente de todo canto do mundo,até nordestinos.

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  2. é verdade, Francisco, esse tipo de procedimento não é exclusivo de sulistas ou "sudestinos". Se hoje ele se manifesta predominantemente em sampa e no sul, é apenas em função de uma contingência. Estejamos atentos!!
    Valeu!

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  3. É preciso ficarmos atentos e combativos, pois complexo de inferioridade "pega", e toda pessoa que carrega esse complexo precisa achar um "bode expiatório" pra se achar superior...e agora mais essa: paulistinhas sem nenhuma expressão, incultos, querendo matar nordestinos.....

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