domingo, 5 de junho de 2011

Bancos Comunitários II - Uma moeda para chamar de sua.

Matéria do Jornal "O Globo".

 Moradores do Preventório, em Charitas, estão às voltas com a escolha do nome de uma moeda que será lançada entre junho e julho deste ano para circular exclusivamente dentro da comunidade. O que, num primeiro olhar, parece uma brincadeira nos moldes do Banco Imobiliário é iniciativa séria, com 52 cases de sucesso espalhados pelo Brasil. O Preventório e seus cerca de 12 mil habitantes serão os primeiros em Niterói a receber um banco comunitário, que vai oferecer microcrédito a empreendedores e moradores e fará circular, na favela, uma moeda social com valor igual ao do real.


 A novidade está sendo desenvolvida pela Incubadora de Empreendimentos em Economia Solidária da Universidade Federal Fluminense (UFF), cuja equipe multidisciplinar reúne economistas, psicólogos e sociólogos. A Ampla apoia o projeto, concedendo descontos na conta de luz dos moradores, que serão convertidos para a moeda social.


 Líder do projeto, a professora de Sociologia da UFF Bárbara França explica que o banco será gerido exclusivamente pelos moradores, sem participação do poder público. A instituição financeira realizará a troca de reais por moeda social e oferecerá linhas de microcrédito aos moradores, para incentivar o desenvolvimento da comunidade. Mesmo quem estiver com o nome sujo poderá ter acesso a empréstimos, desde que sejam aprovados pelos funcionários do banco, também moradores do Preventório.

— A inadimplência costuma ser baixa, porque a cobrança é diária e realizada pelos próprios vizinhos. Há bancos que colam papéis com os nomes dos maus pagadores na porta e passam carros de som pela comunidade divulgado quem são os inadimplentes — explica Bárbara.

 Os empréstimos podem ser feitos em real ou na moeda social, que será aceita nos estabelecimentos da comunidade. Quem usá-la terá desconto na compra de produtos, como forma de impulsionar a circulação. Desta forma, o banco comunitário incentiva que moradores priorizem adquirir itens dentro do Preventório, aquecendo o mercado interno.

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