A iniciativa não é tão nova, mas tem cada vez mais mobilizado pessoas e comunidades pelo Brasil afora. Trata-se de Bancos Comunitários, cuja finalidade é dinamizar as economias locais e conscientizar os moradores das comunidades do potencial político do ato de consumir. Como desdobramento desse processo surge a consciência dos poderes locais, ou, como dizem atualmente, do empoderamento local. Joaquim de Melo, que não é economista formado, e sim um teológo, é um dos mais importantes defensores dessa ideia. Certa vez o vi em um programa da TV Brasil (ele só encontraria espaço numa TV pública) e fiquei realmente impressionado com a proposta que ele defendia, pois articulava num só movimento vários aspectos da vida social.
Abaixo segue uma pequena entrevista do Joaquim:
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Ele criou o primeiro Banco Comunitário do Brasil em conjunto com a Associação de Moradores do Conjunto Palmeiras, bairro da zona sul de Fortaleza, no Estado do Ceará. Formado em Teologia preferiu dedicar seu tempo ao desenvolvimento de comunidades pobres. Hoje ele está com a Incubadora de Empreendimentos em Economia Solidária da UFF para ajudar as comunidades de Saracuruna e do Preventório a criarem seus próprios bancos.
Como você avalia a participação das comunidades do Preventório e de Saracuruna no Projeto?
O povo das duas comunidades está muito feliz com a ideia de terem seus Bancos Comunitários. E participam muito das reuniões, são criativos e principalmente gostam do lugar em que vivem. Por isso querem melhorar a vida das pessoas que moram lá.
Qual a diferença entre um Banco Comercial e um Banco Comunitário?
Os Bancos Comerciais são todos iguais, atendem as pessoas de forma linear. No Banco Comunitário quem trabalha lá são as pessoas da comunidade. Então o atendimento é humanizado. Se uma senhora chega precisando pagar uma conta com algum problema de saúde é atendida primeiro, pode sentar, beber uma água. As pessoas que trabalham lá conhecem ela e vão cuidar dela. Isso faz a diferença! O atendimento humanizado e feito por pessoas da sua rua, do seu bairro. Sem falar que o Banco Comercial pega o dinheiro da comunidade e vai investir onde ele achar que pode dar mais lucro e o Banco Comunitário é feito para que o dinheiro da comunidade seja usado no próprio local, gerando consumo e desenvolvimento da região.
Uma comunidade é pobre porque suas riquezas vão ser usadas fora dela. O dinheiro que os trabalhadores ganham é gasto em produtos feitos em outras cidades. A comunidade não é pobre, apenas não tem ferramentas para segurar o seu dinheiro ali, no local. E a Moeda Social foi pensada para esse fim, ser usada dentro da própria comunidade. Aí as riquezas começam a aparecer.
E as condições de Saracuruna e do Preventório, são boas para a criação dos Bancos?
Muito boas! A oportunidade que a Ampla está dando é única! Eu queria uma dessas lá no Banco Palmas, no Ceará. Além desse empurrão inicial com o patrocínio dos bancos durante o primeiro ano, a concessionária ainda vai dar um bônus para cada pessoa que for no banco pagar sua conta de luz em dia. Vai dar o bônus em moeda social. Já pensou? Receber um troco na hora de pagar a conta de luz? Qual banco faz isso?
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