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domingo, 12 de junho de 2011

PENTECOSTALIZAÇÃO DO MOVIMENTO DOS BOMBEIROS


   Não há nenhuma dúvida de que a campanha salarial dos bombeiros é justa e merece todo nosso apoio. Mas como em todo movimento há interesses escusos. Afora questões de utilização partidária, eu gostaria de chamar atenção para um outro tipo de ocorrência. Refiro-me a "pentecostalização" das instituições públicas brasileiras (dizem até que essa tendência extrapola nossas fronteiras) que deveriam ser laicas e seculares. Não há nenhum problema em uma pessoa ser católica ou adeptas de seitas pentecostais e ser bombeiro, professor ou médico, mas transformar um ato de luta política em culto pentecostal é gravíssimo. Há anos atrás uma profissional do Estado do Rio de Janeiro me disse que foi participar de uma reunião na qual a própria Rosinha estaria presente. Ao chegar com um pouco de atraso pensou ter entrado em uma sala errada, visto que o que via se assemelhava mais a um culto do que a uma reunião de trabalho.
   O que vi e ouvi ontem na frente da assembleia legislativa do Rio foi uma coisa pavorosa. Pode ser que aquilo que vi tenha sido apenas naquele momento pontual, mas mesmo assim era horrível. O orador (sem trocadilho) conclamava a todos a apoiarem a luta dos bombeiros garantindo que Jesus estava "do nosso lado". Em seguida pediu a todos que fechassem os olhos e orassem. Tudo naquele clima de histeria típico desses atos. 
   Fiquei ainda mais chocado quando li no blog do Luís Nassif, uma matéria veiculada pelo jornal "o globo", na qual se evidencia as relações entre alguns líderes do movimento e grupos religiosos. A matéria, sem dizer claramente, parece querer fazer uma crítica ao fato de que esses líderes têm ambições políticas partidárias. Pessoalmente não acho que há um crime ou uma imoralidade nisso, sendo que também reconheço como é fácil essas ambições estarem, para alguns líderes, acima dos interesses da categoria. Mas o que mais me chamou a atenção é o fato de que há, como disse o governador, uma utilização indevida de aspectos religiosos num ambiente em que as questões deveriam ser tratadas no âmbito da palavra secular. Pois como vou me opor a uma tese que é respaldada por Deus???
   Não quero com isso minimizar as responsabilidades do governador. Acho legítima a luta dos bombeiros por melhores salários e condições de trabalho, e creio que o Estado tenha condições de remunerar melhor categorias vitais como os professores e os próprio bombeiros. Mas o que quero chamar a atenção aqui, é que este é mais um capítulo do que venho chamando de "pentecostalização" da coisa pública. Tenho refletido sobre isso e tenho colecionado episódios nos quais fica evidente uma assunção dos discursos pentecostais histéricos dentro de instituições que deveriam, por força até mesmo constitucional, serem ambientes laicos.
   Quem estiver curioso de saber das relações entre alguns líderes do movimento e lideranças pentecostais, leia o link abaixo: