O artigo abaixo fala sobre um belo doumentário, cujo trailer postei em seguida, que trata de uns momentos mais interessantes no que diz respeito a colaborações culturais entre ocidente e oriente. Se hoje é lugar comum falar de "choque de civilizações" como um processo inevitável o documentário mostra como já aconteceu de haver o oposto. Talvez essa ideia de conflito exponha as vísceras de um processo racionalista que por sua vez vem a ser a pedra angular da modernidade ocidental.
Esse tema já foi explorado num belíssimo filme chamdo "O destino", ou Al massir, que retrata a corte de Averroes e mostra um pouco da Espanha um pouco antes da explusão dos muçulmanos. Este é um tema pra refletir...
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Texto do sítio ICArabe inspirado no intelectual palestino Edward Said
Morador de Nova York, o documentarista Jacob Bender
presenciou os atentados de 11 de setembro de 2001. Após o impacto
inicial, passou a refletir sobre as políticas de segurança adotadas
pelos Estados Unidos, baseadas em teses como a do choque de civilizações
entre Ocidente e Oriente, que inviabilizaria a convivência entre povos
de diversas origens e religiões.
O questionamento
dessa impossibilidade é o ponto de partida da jornada empreendida por
Bender, que se apoia em duas figuras importantíssimas do pensamento
tanto do Ocidente como do Oriente, os filósofos Averroes e Maimônides,
para retornar à Espanha medieval, onde judeus, muçulmanos e cristãos
coexistiam pacificamente.
Na Andaluzia, sua
primeira parada, Bender constata, com a ajuda dos dois “sábios de
Córdoba”, que a cultura árabe está no coração da cultura ocidental. O
período em que essa região esteve sob domínio árabe foi de florescimento
das ciências e da criatividade de forma geral, enquanto o resto da
Europa estava mergulhada na privação de conhecimento que caracterizou a
Idade Média.
As obras de Aristóteles, por exemplo
foram redescobertas pelos estudiosos árabes que viviam em Al Andalus.
Averroes, muçulmano e de origem árabe, fez comentários importantíssimos
sobre seus escritos, sendo um dos responsáveis pelo diálogo de Al
Andalus com a Grécia Clássica. Já Maimônides, de origem judaica, estudou
medicina e relacionou a ciência com suas atividades religiosas,
rejeitando qualquer forma de dogmatismo. Ambos nasceram em Córdoba e
tiveram de deixar a cidade após a expulsão dos árabes pelos cristãos.
Bender
segue os passos dos filósofos por Marrocos e Egito, além de visitar
locais onde suas obras voltaram a ser estudadas posteriormente, como
França e Itália. Em paralelo, o diretor busca elementos que refutam a
teoria do choque de civilizações, demonstrando a contemporaneidade do
pensamento dos “sábios de Córdoba”, que já se colocavam contra qualquer
forma de segregação baseada na religião.
A
jornada do diretor termina com a passagem por Israel e Palestina, onde o
documentarista reflete sobre o conflito entre judeus e palestinos, se
posicionando contra iniciativas como a construção do muro da
Cisjordânia, o estabelecimento de assentamentos irregulares e a
derrubada de casas de famílias palestinas.
Ao
passar por esses locais, relacioná-los ao conhecimento produzido por
Averroes e Maimônides, e entrevistar pessoas que estão utilizando suas
tradições religiosas para desafiar as proposições mais conservadoras,
Jacob Bender produz um libelo à tolerância religiosa e à convivência
pacífi ca entre povos de diferentes origens.
Olá Ricardo, descobri seu blog fazendo busca no Google por "Los Sabios de Cordoba", para reconstituir a história de uma exibição que fizemos na Cinemateca no dia 11 de setembro. Adorei seu blog. Gostaria de conversar contigo sobre metodologias de uso do cinema na educação. Não achei teu email. O meu: sergiostorch@gmail.com.
ResponderExcluirUm grande abraço
Sérgio