É possível que alguém venha me dizer que estou, como diziam os antigos, vendo chifre em cabeça de cavalo. Mas acho que não. Senão, vejamos: O que tem a ver esses fatos? A) a professora sindicalista Amanda Gurgel, que bombou nas redes sociais recentemente com um pronunciamento comovente numa audiência pública no Rio Grande do Norte, ter sido convidada para o programa do Faustão e terem lhe concedido preciosos 27 minutos de um horário nobilíssimo. lembrando que neste horário muitas mães e pais de alunos de rede pública de educação estão devidamente conectados à telinha numa espécie de liturgia dominical; B) a mídia escrita, televisada e radiofônica fez um ataque fortíssimo ao MEC por este ter admitido um livro que supostamente ensinava o português errado (por mais que tenha saído em defesa do livro instituições como a ABRALIN - Associação Brasileira de Linguística, e linguístas da maior importância como Marcos Bagno); C) o grupo Abril, dono da revista Veja, que tem escrito sistematicamente sobre o tema da educação brasileira, sempre numa perspectiva conservadora, adquiriu recentemente um dos maiores colégios privados do Brasil, o PH.
Essas três ocorrências citadas acima tem uma conexão clara ao meu ver: um programa de privatização para a educação, visto que esta aparenta ser um dos "gargalos" que impediram o Brasil de dar o salto para o futuro. As denúncias sistemáticas dos problemas da educação, que realmente existem, visam na verdade criar um consenso. O ardil se colocaria da seguinte forma: o Estado se mostrou historicamente incapaz de resolver o problema da educação no Brasil, de modo que a única solução é a contratação de grupos privados, o grupo Abril, por exemplo, ou Fundações, como a Fundação Roberto Marinho ou Ayrton Sena. E por aí vai... o modelo de privatização não seria obviamente feito naquele molde feito por FHC, pois seria até inconstitucional, visto que nossa carta magna declara que a educação, sem prejuízo à educação privada, seja feita pelo Estado. O processo seria feito através de parceria, na qual os grupos privados entraria com o "software", ou seja, com a tecnologia, estabelecendo metas, fiscalizando professores, criando apostilas, etc.
Creio que seja muito grave tudo isso, e conclamo que fiquemos espertos a manobras que venham a ser feitas nesse sentido. Escola pública é pública e o estado brasileiro tem que prover os recursos para que possamos superar o atraso e realizar uma educação pública de qualidade. 10% já!!!!
A semana de "capacitação" (para os professores de Geografia) no início do ano letívo de 2011, no município do Rio de Janeiro, foi marcada pela participação do grupo Abril, que através de convênio ou parceria, iria disponibilizar materiais de seu acervo para uso em salas de aulas e na confecção de materiais didáticos.
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