Muito se tem discutido no Brasil sobre raça e racismo, em função de novos dispositivos legais que vêm sendo levados a cabo pelo governo brasileiro. Um certo argumento, que considero reacionário - apesar de algumas pessoas que não são reacionáiras usá-lo -, é o de que se o conceito de raça ruiu, então não faz mais sentido utilizá-lo para elaborar políticas compensatórias ou de reparação. Mas o que tenho repetido é que se o conceito de raça está efetivamente superado, os seus efeitos não estão. E que efeitos são esses? O racismo, ora! Um conceito, como queria Foucault, produz efeitos. Aliás, é para isso, em boa medida, que eles são criados.
Só um desavisado não sabe que o conceito de raça surge no século XIX justamente para justificar o processo de colonização, ou neo-colonização, que os países europeus estavam empreendendo na Ásia e na África, principalmente. É verdade, por outro lado, que o racismo não precisou esperar o surgimento do conceito de raça para acontecer. O racismo antecede o conceito de raça. Mas, sem dúvida, uma definição de raça amparada "cientificamente" colocava as coisas em outro patamar. Era como se não houvesse mais dúvida da superioridade branca-européia-ocidental sobre o resto do mundo.
O vídeo abaixo demonstra um pouco os "efeitos" do conceito de raça, em uma ocorrência prosaica do nosso cotidiano.
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