sexta-feira, 8 de abril de 2011

Quem vai fazer o CQC do CQC?

  Tenho vários amigos (acho que a maioria) que adoram o progrma CQC, da Rede Bandeirantes. Fico sempre em palpos de aranha quando alguém conta uma passagem engraçada do programa e pergunta se eu assisti. Não nego que eles sejam engraçados, inteligentes, talentosos e até simpáticos. Mas é que tem uma questão de fundo que me incomoda: programas como o CQC são, mais do que os tele-jornais, a ponta-de-lança das empresas midiáticas para atuarem (sem que tenham sido eleitos para isso) como a salvaguarda dos interesses maiores da sociedade. Ora, ora, no máximo eles são a salvaguarda dos interesses maiores da própria empresa que defendem. Há hoje no meio dos estudiosos das relações entre mídia e poder a clara e distinta compreensão de que as mídias se colocam como instância de poder (o chamado quarto poder) disputando o espaço de legitimação com os tradicionais poderes constituídos. Vejam os casos da RCTV na Venezuela; da Rede Fox nos Estados Unidos; e do Instituto Millenium no Brasil, que nas última eleições falavam abertamente em impedir que Dilma Roussef ganhasse as eleições (isso é tarefa de partidos políticos e não de institutos que congregam empresas de comunicação, sendo que algumas delas sob regime de concessão)
   CQC pretende vender uma imagem de que age de forma livre e independente, sempre voltado para denunciar os desmandos praticados contra os interesses da maioria. Mas será assim mesmo? Reparem que este programa jamais fará uma denúncia sobre o Agronegócio e seu uso abusivo de pesticida e sua defesa empedernida do latifúndio, por exemplo. Sabem porquê??? Porque o dono da Rede Bandeirantes, patrões dos rapazes do CQC, é o Sr. João Carlos Saad, membro em nível de direção de entidades ruralistas ligados ao agronegócio brasileiro, e que usa o seu "jornal da band" para fazer matérias (sem direito a contradito, ferindo de morte a ética jornalística) absolutamente tendenciosas contra o movimento social rural.
  Claro que o nosso congresso é cheio de vícios. Claro que em alguns momentos temos vontade de jogar uma bomba lá. Mas a prática sistemática é a de desmoralizá-lo esvanziando-o como instância legítima e assumindo o trono da defesa da moral e dos bons costumes. Não esqueço de uma entrevista do Marcelo Tás sobre comunicação quando ele se mostrou um grande defensor dessa lenga-lenga de mercado regulador para as comunicações, que a criação de uma regulação pública não era legal, fazendo com isso coro ao discurso dos donos de mídia privada do Brasil. Estranhei porque na época ele trabalhava na TV Cultura, mas tudo ficou mais claro quando logo e seguida ele foi trabalhar na Band. 
   Finalmente eu pergunto: quem vai fazer o CQC do CQC??


ps. para entender bem as relações entre mídia e poder eu aconselho o livro do professor da Getúlio Vargas SP, Francisco Fonseca, intitulado justamente "Mídia e Poder". O livro está disponível gratuitamente na rede.

Um comentário:

  1. Na hora em que alguém fizer como o Victor Fasano fez com o abobalhado do tal do Vesgo (da outra porcaria chamada de Pânico), mandar uma carroça por cima das fuças e deixar sem GPS certo, aí vão dizer que é intolerância etc e tal. O babaca do Vesgo ficou procurando chão para aterrissar, com cara de quem não sabia o que tinha acontecido. Nunca mais foram atrás do Fasano. Quem tem, tem medo...

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